O projecto vencedor é:

A BAÍA DO AR

de Juju Bento

ANEXOS

Sobre Maria Gabriela Llansol:


Maria Gabriela Llansol (1931-2008) é autora de uma vasta obra distinguida com alguns dos mais importantes prémios literários:
Prémio D. Dinis, em 1985, para "Um Falcão no Punho"; Prémio Inasset, em 1986, para "Contos do Mal Errante"; Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, em 1991, para "Um Beijo Dado Mais Tarde"; e um segundo Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, em 2007, para o livro "Amigo e amiga: Curso de silêncio de 2004”.Na sua escrita, Maria Gabriela Llansol põe em causa a história da tradição, para reivindicar uma herança das margens, da "restante vida", onde se dá voz aos que não têm voz, se cultiva a sobreimpressão de tempos, de paisagens, de seres e de afectos, através de cenas fulgor e de constelações de sentido, criadas a partir do quotidiano, porque aqui escrever é o duplo de viver.

Sobre Maria Gabriela Llansol, disse Eduardo Lourenço que será o mito literário português do século XXI.
A sua obra tem sido fonte de criação de novas relações entre a literatura e outras artes para muitos artistas, como Rui Chaves, João Queiroz, Ilda David, Pedro Proença, Julião Sarmento, Duarte Belo, Teresa Huertas, Regina Guimarães, Miguel Gonçalves Mendes, Vera Mantero, João Madureira, Adua Guerra Santos, Sílvia das Fadas, entre outros.

Nota:
Para mais informação detalhada sobre a obra de Maria Gabriela Llansol, recomendamos a consulta do blog do Espaço Llansol (Associação de Estudos Llansolianos): https://espacollansol.blogspot.com/

Excertos de obras de Maria Gabriela Llansol:
(Referências às edições mais recentes)

“Eu ando a contar o mal-estar profundo dos seres humanos, dos animais e das plantas, ando à procura de um final feliz. Ando a ver se o fulgor que, por vezes, há nas coisas, é melhor guia do que as crenças que temos sobre elas, ou do que os pensamentos que, a propósito delas nos ocorrem. Com Lisboaleipzig I - O Encontro Inesperado do Diverso - dei início a uma obra, em vários livros, em que procuro “fulgorizar” a linhagem de autores (sejam eles pessoas humanas, pessoas animais ou pessoas vegetais) que aparecem recorrentemente nos meus textos.” 
Lisboaleipzig, Assírio & Alvim, 2014, p. 159

“__________ talvez o meu texto venha um dia a desaparecer. Não deixará de ser verdade que nasceu aqui. Entre vós, na minha língua confrontada às vossas paisagens. […] Esta sobreimpressão, à primeira vista discordante e contraditória, não surgiu por minha livre vontade. Impôs-se-me, embaraçante e complexa, e exigiu de mim mesma uma mutação para a qual nada, nem ninguém, me tinha preparado. Eis o que aconteceu realmente: Sei que é nessa sobreimpressão que habito o mundo, e vejo, com nitidez, que outros vieram ter comigo: concebe um mundo humano que aqui viva, nestas paragens onde não há raízes…”. 
Lisboaleipzig, p. 133.

“Através de mim, os animais assumiram melhor a sua condição humana. Eu não fiz senão correr através do mundo, e assumi, como pude, a minha condição animal. Começou a vibrar um grande arco em que espalhei a justiça e a desordem”. Lisboaleipzig, p. 87.

“O humano não poderá nunca definir-se pelo poder, pela razão, ou pela vontade, mas pelo face a face ao Amante, de que o corpo é a manifestação presente, e o texto a ausência que se manifesta”. 
Lisboaleipzig, p. 139.

“Nos meus textos, exponho claramente esta comunidade, este espaço-nó, ou semente. Sempre o vivi - repito - como espaço de perigo pois nele se desenvolvem grandes mutações de energia que podem pôr em risco o corpo e, com toda a certeza, modificam a maneira de ser e de viver”. 
Lisboaleipzig, p. 151.

“Como continuar o Humano?
Que vamos nós fazer de nós?
Que sonho vamos nós sonhar que nos sonhe?
Para onde é que o fulgor se foi?
Como romper estes cenários de "já visto" e "revisto" que nos cercam?”
Lisboaleipzig, p. 129.

“Tenho vivido muito com gatos, com um cão, plantas (e já vivi com galinhas), com seres-humanos e com essa Presença insistente na minha proximidade. O que aprendi é que todas estas formas da mesma imagem relacionam entre si e que a palavra é uma forma de comunicação rara, mesmo entre seres-humanos, e não é, de modo algum, a mais fiável. Tudo comunica por sinais, por regularidades afectivas, por encanto amoroso, por perigo de anulação. Tudo comunica por incompreensão. Nada está em nada […]. Contrariamente ao que se possa imaginar, o relacionamento do ser humano com essa Presença não humana, aprende-se, e não é mais difícil, nem mais óbvio do que qualquer relacionamento de um ser-humano com outro ser-humano, ou deste com uma forma-planta ou uma forma-animal. Esta não-hierarquização radical das formas vivas, a proximidade entre elas, o estabelecimento de relações preferenciais são, em meu entender, o habitat mais adequado, por parte do ser-humano, ao exercício de sua arte de se tornar forma-humana.”  
Lisboaleipzig, pp. 150-151.

“Este livro é a História da tradição, segundo o espírito da Restante Vida.” 
O Livro das Comunidades. 3ª ed., Assírio & Alvim, 2017, p.11.

“O Humano é indefinível, quem quiser que tente, e verá como dizer 'Eis o Humano'
é dizê-lo pela boca do tirano.” 
O Senhor de Herbais. Relógio d'Água, 2002, p. 274

“Seja qual for o meu destino, aí selei um contrato com o vivo [...] um texto capaz de conferir uma expressão atual a gritos humanos e não humanos, abafados pelo ‘assim é’ da História, do mundo, do poder de espezinhar.” 
O Senhor de Herbais, p. 323

“Legente, que diz o texto ? Que ler é ser chamado a um combate, a um drama. Um poema que procura um corpo sem-eu, e um eu que quer ser reconhecido como seu escrevente.[...]
Fugir ao destino do vate. Fugir à mediocridade da autobiografia.” 
Onde Vais Drama-poesia?, Relógio d'Água, 2000, p. 18

“A escrita e o medo são incompatíveis.”  
Um Falcão no Punho, 3ª ed., Assírio & Alvim, p. 18.

“Não há literatura. Quando se escreve só importa saber em que real se entra, e se há técnica adequada para abrir caminho a outros.” 
Um Falcão no Punho, p. 58.

“Tudo é simultâneo e tem as mesmas raízes, escrever é o duplo de viver; poderia dar como explicação que é da mesma natureza que abrir a porta da rua, dar de comer aos animais, ou encontrar alguém que tem o lugar de sopro no meu destino.” 
Um Falcão no Punho, p. 75.

“Eu vim aqui para me esquecer de como se contam histórias e se constroem narrativas, pois que recorrer sempre a essa escrita enfraquece a vigilância da memória e apaga a imaginação do espírito.”
Da Sebe ao Ser, Assírio & Alvim, 2019, p. 69.

“É preciso escrever a todos os seres.” 
Finita, Assírio & Alvim, 2005, p. 80.


“Uma ficção não pode ser simples, é o encontro inesperado do diverso.” 
Causa Amante, Relógio d'Água, 1996, p.18.

“Poderia dizer-se que a Restante Vida é o resto que tem a potência de agir e que, no âmago, é uma força.” MGL - VIVOS NO MEIO DO VIVO, 3.º Colóquio Internacional Maria Gabriela Llansol, Mourilhe, 2005 (Edição Espaço Llansol).

“Não raras vezes, o meu animal doméstico toma-me por outro animal. […] Estou entre eles____ sou um deles.” 
Os Cantores de Leitura. Assírio & Alvim, 2007, p. 15

“Tudo participa nas diversas partes: a boca, a copa frondosa, o cogumelo, a falésia, o mar, a erva rasteira, a leve aragem, os corpos dos amantes.” 
Onde Vais Drama-Poesia?, p. 44.

“As distinções que o ser humano constrói permitem-lhe sobreviver. Sobrevive e ignora. Ignora e tem desculpa. Existe, assim, uma espécie de folga entre o texto e o ser humano, de que este se serve como fuga, evoluindo em círculos de repetição. É hoje evidente que, com as distinções do humano, os afectos serão um total desastre.”
 Parasceve. Puzzles e ironias, Relógio d'Água, 2002, p.102.

OS PREGOS NA ERVA.
Lisboa, Portugália, 1962; 2.ª ed.: Lisboa, Rolim, 1987. Com um estudo de
Augusto Joaquim.DEPOIS DE OS PREGOS NA ERVA. Porto, Afrontamento, 1973.
Primeira Trilogia: Geografia de Rebeldes

(1) O LIVRO DAS COMUNIDADES. Porto, Afrontamento, 1977;
2.ª ed.: O Livro das Comunidades, seguido de Apontamentos sobre a Escola da Rua de Namur. Lisboa, Relógio d'Água, 1999. Com posfácio de Silvina Rodrigues Lopes.
3.ª ed.: Lisboa, Assírio & Alvim, 2017 (com colagens de Pedro Proença e posfácio de Silvina Rodrigues Lopes).

(2) A RESTANTE VIDA. Porto, Afrontamento, 1983;
2.ª ed.: A Restante Vida, seguido de O Pensamento de Algumas Imagens. Lisboa, Relógio d'Água, 2001. Com posfácio de José Augusto Mourão.

(3) NA CASA DE JULHO E AGOSTO. Porto, Afrontamento, 1984;
2.ª ed.: Na Casa de Julho e Agosto, seguido de O Espaço Edénico. Lisboa, Relógio d'Água, 2003. Com posfácio de João Barrento.

Segunda Trilogia: O Litoral do Mundo

(1) CAUSA AMANTE. Lisboa, A Regra do Jogo, 1984;
2.ª ed. Relógio d'Água, 1996. Com posfácio de Augusto Joaquim.

(2) CONTOS DO MAL ERRANTE. Lisboa, Rolim, 1986;
2.ª. ed. Assírio & Alvim, 2004. Posfácio de Manuel Gusmão e pinturas de Ilda David.

(3) DA SEBE AO SER. Lisboa, Rolim, 1988.
__________________
AMAR UM CÃO. Colares Editora, 1990.
In: Cantileno, Relógio d’Água, 2000.
Nova edição: Augusto Joaquim/M. G. Llansol, Desenhos a Lápis com Fala – Amar Um Cão. Com desenhos de A. Joaquim. Lisboa, Assírio & Alvim, 2008.

O RAIO SOBRE O LÁPIS. Lisboa/Bruxelas, Europália, 1990. Com desenhos de Julião Sarmento;
2.ª ed.: Assírio & Alvim, 2004.

UM BEIJO DADO MAIS TARDE. Lisboa, Rolim, 1990.
2.ª ed.: Lisboa, Assírio & Alvim, 2016.

HÖLDER, DE HÖLDERLIN. Colares, Colares Editora 1993.
Incluído em Cantileno, Relógio d’Água, 2000.

LISBOALEIPZIG I. O ENCONTRO INESPERADO DO DIVERSO. Lisboa, Rolim, 1994.

LISBOALEIPZIG II. O ENSAIO DE MÚSICA. Lisboa, Rolim, 1994.



LISBOALEIPZIG (I e II). 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014. Com gravuras de Ilda David.

ARDENTE TEXTO JOSHUA. Lisboa, Relógio d'Água, 1998.

ONDE VAIS, DRAMA-POESIA? Lisboa, Relógio d'Água, 2000.

CANTILENO. Lisboa, Relógio d'Água, 2000. Com posfácio de Lúcia Castello Branco (Inclui: Cantileno, Hölder, de Hölderlin, Amar Um Cão, O Estorvo).

PARASCEVE. PUZZLES E IRONIAS. Lisboa, Relógio d'Água, 2001.

O SENHOR DE HERBAIS. Breves ensaios literários sobre a reprodução estética do mundo, e suas tentações. Lisboa, Relógio d'Água, 2002.

O JOGO DA LIBERDADE DA ALMA. Lisboa, Relógio d'Água, 2003.

O COMEÇO DE UM LIVRO É PRECIOSO. Com imagens de Ilda David. Lisboa, Assírio & Alvim, 2003.

AMIGO E AMIGA. CURSO DE SILÊNCIO. Lisboa, Assírio & Alvim, 2006.


Diários
UM FALCÃO NO PUNHO. DIÁRIO I. Lisboa, Rolim, 1985.
2.ª ed.: Lisboa, Relógio d'Água, 1998. Com posfácio de Augusto Joaquim.


FINITA. DIÁRIO II. Lisboa, Rolim, 1987.
2.ª ed.: Assírio & Alvim, 2005. Com posfácio de Augusto Joaquim e fotografias de Duarte Belo.

INQUÉRITO ÀS QUATRO CONFIDÊNCIAS. DIÁRIO III. Lisboa, Relógio d'Água, 1996.Traduções de Maria Gabriela Llansol:



FLAUBERT, Gustave, O Sol Minguante. Colares, Colares Editora, [1990] (sob o pseudónimo de Ana Fontes) (Colecção Livro-carta, 2).


WILDE, Oscar, O Príncipe Feliz. Colares, Colares Editora, s.d. (sob o pseudónimo de Ana Fontes) (Colecção Livro-carta, 4).


COLETTE, Saha, a Gata. Colares, Colares Editora, 1994 (sob o pseudónimo de Ana Fontes) (Colecção Livro-carta, 12).


HÖLDERLIN, Friedrich, Diotima. Colares, Colares Editora, 1994 (sob o pseudónimo de Maria Clara Salgueiro) (Colecção Livro-carta, 13).

SADE, Donatien Alphonse François de, Mistérios Libertinos da Bastilha. Colares, Colares Editora, 1994 (sob o pseudónimo de Ana Fontes).


WOOLF, Virginia, Cartas Íntimas a Vita Sackville-West. Colares, Colares Editora, 1994 (sob o pseudónimo de Ana Fontes).


DICKINSON, Emily, Bilhetinhos com Poemas. Colares, Colares Editora, 1995 (sob o pseudónimo de Ana Fontes).


VERLAINE, Paul, Sageza. Lisboa, Relógio d' Água, 1995.


RILKE, R. M., Frutos e Apontamentos. Lisboa, Relógio d' Água, 1996.


RIMBAUD, O Rapaz Raro. Iluminações e Poemas. Lisboa, Relógio d' Água, 1998.


THÉRÈSE MARTIN, de Lisieux, O Alto Voo da Cotovia. Lisboa, Relógio d' Água, 1999.


APOLLINAIRE, Guillaume, Mais Novembro do Que Setembro. Lisboa, Relógio d'Água, 2001.


ÉLUARD, Paul, Últimos Poemas de Amor. Lisboa, Relógio d'Água, 2002.


BAUDELAIRE, Charles, As Flores do Mal. Lisboa, Relógio d'Água, 2003.


LOÜYS, Pierre, O Sexo de Ler de Bilitis. Lisboa, Relógio d’Água, 2010.